terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Buscando os temas geradores

  • Segundo o Regimento Escolar Padrão Para as Escola Rurais do município do Capão do Leão (2003: 6), aprovado pelo Conselho Estadual de Educação em dezembro de 2003 e, que é um dos documentos oficiais, que orienta esse processo de ensino:
    A Metodologia para o ensino Fundamental atende ao princípio da Interdisciplinariedade.
    As atividades pedagógicas são variadas e propostas através de projetos, temas geradores, utilizando-se recursos humanos e didáticos, audiovisuais, informativos por meio de exposição oral e dialogada, jogos, brincadeiras, músicas... oportunizando um aprender através do fazer e da interação entre teoria e prática, como instrumentos para a transformação
    ”.
    Essa proposta de educação tem como ponto de partida o respeito ao mundo do educando, ao mundo concreto e subjetivo, respeito a um tipo de saber que é construído no dia a dia dos grupos populares e, como diz Freire (1999:86):
    O respeito, então, ao saber popular implica necessariamente o respeito ao contexto cultural. A localidade dos educando é o ponto de partida para o conhecimento que eles vão criando do mundo. ‘Seu’ mundo, em última análise é a primeira e inevitável face do mundo mesmo.
    Na investigação educacional emancipatória a educadora trabalha com as pessoas que estão envolvidas na problemática e não para ou sobre elas, procurando envolver a todos colaborativamente em um processo de investigação, transformando-se em investigadora junto com o grupo, assumindo os problemas do grupo como seus também.
    Dentro de uma perspectiva de base concreta, o conhecimento e a Ciência partem da práxis/prática, que é ao mesmo tempo pensamento histórico e ação histórica, que só acontecem dentro de uma realidade carregada de possibilidades e de limites. (rachadura/fragmento). A ação histórica ocorre em diferentes abrangências – na sala de aula, na escola, na família, na comunidade, (...), .... – que provocam diferentes estratégias de ação por parte dos sujeitos. Esses sujeitos, entretanto, trazem sempre consigo a densidade ontológica das várias esferas, mantendo sua identidade nelas, mesmo que desenvolvendo relações algo diferentes. O pensamento histórico, que não está descolado da ação histórica, é enraizado, radical, vital e tem densidade ontológica, porque ele expressa intencionalidade constituindo-se assim, um movimento da prática (...).
    A práxis que se constitui através desse processo complexo, é um movimento de pensamento e ação que ocorre, pois, numa dimensão ontológica.
    Nesse processo educacional o objeto é a realidade na qual quero intervir com o outro, que é sujeito dessa realidade. Em um primeiro momento são levantados dados para potencializar a investigação que desencadeará a atividade educativa. Dessa forma são criadas as condições para que todos os envolvidos no processo (professores, alunos, comunidade) possam produzir Ciência, que se manifestará como a qualificação do pensamento histórico e da práxis/prática, possibilitando aos sujeitos envolvidos o domínio da realidade e a discussão dos problemas históricos com domínio de causa visando a decisão da melhor alternativa para todos e permitindo o exercício da cidadania/autonomia.
    Até o ano anterior vinha tentando desenvolver, com pais e alunos, a idéia de que a escola é lugar de produção de conhecimento, e não um simples depósito de informações para o aluno. Nesse diálogo constante sobre as práticas escolares e o objeto de estudo da Ciência, iniciamos um processo de investigação que permitiu levantar a diversidade de temáticas significativas para a comunidade escolar do Passo das Pedras.
    Na investigação emancipatória o objeto é a realidade na qual quero intervir com o outro, que é sujeito dessa realidade. Em um primeiro momento são levantados dados para potencializar a investigação que desencadeará a intervenção. Dessa forma são criadas as condições para que todos os envolvidos no processo (professores, alunos, comunidade) possam produzir Ciência, que se manifestará como a qualificação do pensamento histórico e da práxis/prática, possibilitando aos sujeitos envolvidos o domínio da realidade e a discussão dos problemas históricos com domínio de causa visando a decisão da melhor alternativa para todos e permitindo o exercício da cidadania/autonomia.
    Em um:
    (...), processo de formação permanente, preferencialmente, escolarização; para tanto necessitamos nos articular com grupos cada vez mais diversificados de pessoas. Por isso, esse processo de investigação (...) só tem sentido se continuar em um constante processo de revisão e reconstrução, ampliando-se para ações com outros grupos e outros realidades, mas não como modelo e sim como referência inicial de trabalho, (...) encontro em interação com outros grupos que me permitem repensar essa ação e pensar em outras possibilidades de trabalho, como a diretividade do planejamento e o real significado de investigação do tema gerador de uma comunidade (...)” (Miranda, 2002: 134)
    Para dar conta das “formalidades” do sistema de ensino do Município do Capão do Leão resolvi manter no início de ano letivo de 2006 alguns dos “temas integradores” do projeto de ensino do final do ano anterior (2005)[1] e parti para o levantamento, com o grupo, ainda em 2005, dos temas a serem trabalhados em 2006:
    Centralidade: comunidade/culturas/civilização
    · Tecnologias: transportes; ferramentas; comunicação (de massa, letras, números, pintura);
    · História: pessoal, da família, da escola; da comunidade; antiguidade/atualidade
    · Organização do espaço
    · Trabalho: família/escola/comunidade (atividade, profissões, produção); direitos e responsabilidades.
    · Lavoura: economia/consumo; agricultura (da região, irrigação, clima, solo, água); cadeia alimentar; agroecologia/transgenia; alimentos; chás, industrialização; distribuição; comércio;
    · Lua: o que é; relação com os outros astros; calendários; influência (nas plantas, nas pessoas, no planeta); lei da gravidade (peso/força, marés, satélites)

NOTAS
[1] :As pessoas com quem vivo e seus modos de vida; meio onde vivo; histórias de gente de verdade; o que as pessoas necessitam para viver; produção da comunidade; o grupo e suas regras; organizando o tempo e o espaço; as festividades do grupo; jogos, brincadeiras e crendices; a escola e seus trabalhadores; “em torno” da escola; serviços públicos da comunidade; Literatura Infantil; recursos naturais da comunidade; os ciclos da natureza; teias e cadeias alimentares; recursos hídricos da comunidade; consumo de água potável e não-potável; preservação e degradação do ambiente; saúde corporal e ambiental; (agro)economia, uso de agrotóxicos e sustentabilidade.

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